Saúde: Barbosinha invoca sensibilidade de Reinaldo para tirar Dourados do caos e da falência
O deputado Barbosinha conclamou, nesta quinta-feira (24), da tribuna da Assembleia Legislativa, pela sensibilidade do governador Reinaldo Azambuja e do representante douradense na Secretaria de Saúde do Estado, Geraldo Resende, diante da necessidade urgente de uma ‘intervenção’, como forma de salvar Dourados da condição “de paciente quase em estado terminal, que não consegue nem respirar por aparelhos, porque eles não existem, ou, os que existem precisam de manutenção e reparos”.
Em pronunciamento contundente, onde apresentou relatório recebido do setor, mostrando os problemas que tornam o quadro “triste, deprimente e sofrível”, o deputado lembrou que há um ano o Governo socorreu o Município com R$ 9,2 milhões, para quitação de pendências com servidores da Funsaud (a Fundação de Saúde), mas agora os salários de médicos especialistas estavam próximos de completar seis meses de atraso. “Pagaram três, ainda falta novembro, dezembro e janeiro, mas, felizmente, Dourados é muito bem assistido pela equipe médica, o corpo de enfermeiros, servidores administrativos, há um grande comprometimento, em que pese a absoluta falta de condições de trabalho”.
De acordo com o deputado Barbosinha, o momento impõe um choque de gestão e requer humildade do prefeito Alan Guedes e da equipe local da Saúde para entender que “não estamos diante de uma crise apenas financeira, o quadro é de incapacidade administrativa de gerenciar os problemas e requer o pedido de socorro, o apelo à mão amiga já estendida pelo governador e os deputados da bancada de Dourados para, mais uma vez, socorrer nossa cidade e, por consequência, os 33 municípios que dependem dessa macrorregião para os tratamentos da Média e Alta Complexidade”.
“O jovem prefeito Alan Guedes precisa racionar no sentido de somar esforços e estabelecer um diálogo com o Governo, pela necessidade de socorrer Dourados, enfrentando a falta de medicamentos da UPA, a ausência de insumos, como luvas, máscaras, aventais, os aparelhos de ar condicionado estragados [alguns foram restabelecidos, observou, depois de denúncia da vereadora Lia Nogueira], a queda de energia constante na rede que atende o Hospital da Vida, onde predomina o improviso para poder manter o atendimento”.
Funsaud
O deputado douradense também questionou, no pronunciamento que fez na sessão desta quinta na Assembleia, o papel da Funsaud (a Fundação de Serviços de Saúde), criada em 2014 para gerenciar a UPA e o Hospital da Vida, “mas, pelo que a gente observa, tem servido pra comprar sem licitação, ou que eventual calote não venha a repercutir sobre o Município, quando na verdade isso não vai resolver, porque a responsabilidade também é do Município”. A Fundação acumula uma dívida superior a R$ 70 milhões.
“A Saúde de Dourados se transformou num ‘buraco sem fundo’, o Estado pode colocar 30, 50, 60 milhões, e só vai respirar um pouquinho melhor, mas a crise não é financeira, é de incapacidade administrativa de gerenciar os problemas”, alertou.
Aparelhos quebrados, falta de equipamentos, levaram à situação de um paciente que teve interrompida cirurgia do fêmur justamente no momento em que o perfurador ósseo quebrou, “o médico teve que fechar a perna e o serviço ficou pela metade”, além do que uma adolescente de 15 anos, necessitando de cirurgia de apendicite, “teve que ficar enfrentando hemorragia até conseguir uma vaga em Ponta Porã”.
Dourados ainda não se atentou, advertiu Barbosinha, de que o SUS é um Sistema de Saúde “auto-retributivo, ou seja, se você tem gabinete e dentistas, mas não tem o material pra trabalhar, tem o consultório com médicos, sem os insumos e equipamentos, você tem salários a pagar, despesas com profissionais, funcionários, mas não tem faturamento, isto quer dizer que essa conta nunca vai fechar: um sistema caro, com profissionais alocados, despesa grande, mas sem receita, porque o SUS só devolve sobre o que foi produzido”, ensinou o parlamentar.
Rediscutir repasses
O deputado Barbosinha reiterou que, passadas as eleições municipais de 2020, manteve a mesma disposição de continuar trabalhando pra ajudar Dourados, porém, espera que a atual Administração tenha humildade “pra entender que não estamos falando só da falta de recursos, é de apoio pra melhorar a gestão”, lembrando o debate que propôs, e que foi ignorado pelos demais concorrentes das eleições de prefeito, sobre os índices per capita destinados ao Município.
“Índice per capita é a soma de repasses de recursos federal e estadual divididos pela população da macrorregião, que dá na resultante dos percentuais de produtividade e remuneração pelo serviço realizado”, observou, recorrendo ao debate de 2020 quando lembrou que a per capita de saúde de Dourados (R$ 20,90 por paciente) é a metade de Campo Grande (R$ 43,60), mais da metade de Corumbá (R$ 47,71) e menor também que Três Lagoas (aproximados R$ 30).
“Por isso, conclamo a base de Dourados, meus colegas Zé Teixeira, Renato Câmara, Marçal Filho e Neno Razuk, a nossa bancada federal, os vereadores, prefeitos da macrorregião, para, numa soma de esforços, levarmos ao governador Reinaldo Azambuja e ao nosso secretário Geraldo Resende, esse pedido de sensibilidade para restabelecer a questão dos recursos para a Saúde Pública”, concluiu.