Em audiência pública, deputado Barbosinha aponta caminhos para a superação da cultura da violência
29/04/2018 14h44 - Por: Assessoria
A Igreja Católica, sob a coordenação da Congregação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), promove todos os anos a Campanha da Fraternidade na qual aborda temas de relevância para a sociedade. O tema deste ano é "Fraternidade e Superação da Violência".
Para contribuir com os debates da campanha, a Assembleia Legislativa por meio da Comissão de Segurança Pública e Defesa Social e de seu presidente deputado Cabo Almi, realizou uma audiência pública na sexta-feira (27), com a finalidade de oferecer ideias, números e subsídios que possam contribuir com a discussão e apresentar soluções para esse gravíssimo problema de nossa sociedade.
Para o deputado estadual Barbosinha, que durante um período de quase dois anos foi Secretário Estadual de Justiça e Segurança Pública, o Estado Brasileiro perdeu o controle absoluto da situação no que tange à Segurança Pública, e o exemplo disso se mostra claramente ao percebermos que a Intervenção Militar no Estado do Rio de Janeiro se deu sem planejamento.
"Se constata que primeiro houve o ato político, e depois a ação das forças armadas, que podem sair desse episódio com a imagem arranhada. Não houve o necessário planejamento e serviço de inteligência", afirmou o deputado. "Chegamos a essa situação por total falta de investimento no setor de Segurança Pública Nacional".
Em sua palestra, o deputado Barbosinha também abordou a questão do sistema carcerário. Para o deputado, comparado a outros Estados, ainda não temos uma catástrofe no setor, graças aos esforços dos que atuam na segurança pública, notadamente os agentes penitenciários. No entanto, ainda enfrentamos déficit de cerca de 50% de vagas em presídios.
"É fundamental que a sociedade entenda a problemática do ambiente carcerário. Não temos no País pena de morte ou prisão perpétua. O preso, inexoravelmente, com mais tempo ou menos tempo, retorna à sociedade. E a pergunta que se faz é como queremos que esse preso retorne à sociedade. É muito difícil falar em ressocialização, em recuperação no ambiente degradado do sistema penitenciário. Às vezes o preso volta pervertido, bestializado, pior do que quando entrou. E Mato Grosso do Sul é o Estado que mais prende, o Estado que mais apreende drogas com números superlativos, com suas fronteiras com o Paraguai e Bolívia, dos maiores produtores de maconha e cocaína e isso agrava nosso sistema penitenciário", pontuou Barbosinha.
O deputado também afirmou que é preciso inteligência para combater o crime organizado. "Para se vencer uma guerra, você precisa cortar o suprimento. Sem contar os caminhos que suprem o crime organizado de armas e drogas é preciso priorizar o policiamento e ações nas fronteiras.
A tese do deputado é que precisa dar às forças de segurança toda estrutura para que façam o seu trabalho. "Toda vez que se tem aumento dos números de violência se cobra dos policiais militares e civis. No entanto, gosto de afirmar que cobrar o aumento da violência dos policiais é o mesmo que cobrar dos médicos o aumento de casos de dengue. As causas primárias da violência não pertencem à Segurança Pública. Se outros atores como saúde, educação, cultura, esporte e lazer não forem chamados a participar desse processo, nós não teremos a superação da violência", esclareceu o deputado.
Barbosinha também aponta caminhos que podem contribuir para o combate à violência. "Para superar a violência deve ter a participação da sociedade, com os Conselhos Comunitários e a criação da Cultura da Paz, da reconciliação e da Justiça. Isso é fundamental para trazermos os atores necessários para a superação desse processo. Devemos nos apoiar em exemplos como o programa Escola Segura, Família Forte, apoiado pelo Banco CAF (Corporação Andina de Fomento), com mais de 60 escolas de Campo Grande monitoradas por esse programa. Isso porque há violência desmedida rondando o ambiente escolar, com professores e diretores temerosos com a marginalização dos jovens", pontuou o parlamentar.
O deputado afirma que é preciso continuar lutando pela superação da violência, e atividades como a Campanha da Fraternidade podem ajudar muito. "Fico muito feliz em participar de eventos como esse, e por isso cumprimento a CNBB e a Assembleia por esse belíssimo debate", finalizou Barbosinha.