Governo prospecta área para construção de escola com 12 salas de EM para indígenas
Uma área de terra, localizada estrategicamente no interior da aldeia Bororó, está sendo estudada pelo Governo do Estado para servir como sede da nova escola de Ensino Médio, com 12 salas de aula, que será construída para cobrir a demanda hoje estimada em cerca de 2.000 jovens, na faixa de 17 a 21 anos, na Reserva Indígena de Dourados.
A área, que pertence ao ramo da família Ramirez, poderá entrar em negociações com o Estado com esse propósito. O imóvel fica no Travessão do Ataleu, no centro da aldeia, há 1.500 metros do Cras (Centro de Referência em Assistência Social), 3,5 km do Anel Viário e distante 2.100 metros da Escola Municipal ‘Tengatuí Marangatú’, que funciona na Jaguapiru, há pouco mais de 1 km da divisa das aldeias.
Designado pelo governador Reinaldo Azambuja e pela secretária estadual de Educação, Maria Cecília Amêndola Motta, para verificar a situação do déficit escolar de Ensino Médio na Reserva, após pleitear essa construção, o deputado Barbosinha vistoriou, nesta terça-feira (25), a área em estudo, acompanhado de uma das lideranças da Reserva, Fernando de Souza.
O líder indígena relatou que em torno de 900 jovens concluem, anualmente, o Ensino Fundamental em uma das sete escolas existentes na Reserva e que atualmente a única unidade que oferece o Ensino Médio, para cerca de 600 alunos, é a Escola Estadual Guateka ‘Marçal de Souza’, na aldeia Jaguapiru. “Essa nova escola vai contribuir muito para a melhoria dos indicadores sociais na Bororó”, avalia Fernando.
Para o deputado Barbosinha, essa preocupação do Governo se reflete na amplitude das ações que o Estado imprime no Município. “Toda a área urbana e os distritos vem sofrendo intervenções, com pesados investimentos, na saúde, infraestrutura, pavimentação, construção de pontes, e a nossa grande população indígena faz jus a esse empreendimento de ensino, aliado a outros programas, de geração de renda, culturas de subsistência e estímulo à diversificação da produção, que tenho discutido com as lideranças das aldeias”.
Olhar especial
O deputado Barbosinha disse, na sessão remota da manhã desta quarta-feira (26), que sempre dedicou um olhar especial para as comunidades indígenas. Falou das emendas já destinadas para atender os setores de educação e saúde e relatou movimento que está iniciando junto a profissionais de engenharia e arquitetura da cidade para levar ao governador Reinaldo Azambuja e ao secretário de Saúde, Geraldo Resende, um projeto de reforma geral das instalações do hospital ‘Porta da Esperança’, mantido pela Missão Evangélica Caiuás e que realiza um excelente serviço de atendimento nas comunidades.
Barbosinha citou os problemas recorrentes de abastecimento existentes no interior das aldeias Jaguapiru e Bororó. “Recentemente, uma bomba queimou, e ainda bem que a Sanesul prontamente ajudou a resolver, mas lá existem dois poços perfurados, que precisam ser ativados e, mais ainda, necessitamos de um super-poço, para captar a água do aquífero Guarani, e assim poder garantir o abastecimento integral”.
“Existe um tabu quando se fala de aldeias indígenas neste País e em Dourados não é diferente”, abordou o deputado douradense, ao se referir a recente polêmica provocada por entrevista de um ativista social que visitou alguns pontos da Reserva em 2019, agora relatados em programa nacional de televisão. “Por exemplo, como uma aldeia urbana pode viver sem asfalto, com uma população pra mais de 17 mil índios, sem gerar renda, sem oferecer as mínimas condições de água, energia, moradia?”, indagou.
Barbosinha defendeu, na sessão, e disse que vai levar o assunto ao Governo, e às autoridades nacionais que cuidam da questão indígena [Sesai, Funai, etc.], a continuidade do asfalto feito em um trecho de cerca de 7 km, do Anel Viário Norte até o Hospital da Missão, “e que já beneficia parte das aldeias, mas isso precisa continuar, restam pouco mais de 10 km que irão cortar toda a aldeia, e precisa ser complementado com ciclovias, sinalização, conscientização para a convivência de carros e motos com as carroças, ainda muito utilizadas pelas famílias indígenas”.
Assim, definiu o deputado, “respeitando a cultura e as tradições dos povos que habitam nossas aldeias, estaremos garantindo melhor condição de vida e quebrando paradigmas estabelecidos como que para manter na condição de confinados uma verdadeira nação de homens, mulheres e crianças que querem produzir, crescer, se desenvolver, para serem verdadeiramente inseridos na sociedade”. Ele também já debateu com a ministra Tereza Cristina, da Agricultura, sobre a importância de o Governo Federal deixar um legado nessas comunidades, através de um plano capaz de estimular a criação de um entreposto comercial para oferecer o que os indígenas vão produzir nas suas próprias terras para a rede supermercadista e os consumidores em geral.